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domingo, 9 de agosto de 2015

Carpe diem! (janeiro 2015)

Carpe diem! Ouço bem forte. Carpe diem! É um sussurro agora. É apenas um filme na tela do computador me fazendo lembrar das aulas de latim e dos corredores da faculdade.

Tudo aquilo não fazia sentido lá, nos quase 20. Aquela mania de estar sempre tão apressada. E de não aproveitar o que só hoje, nos quase 30, consegui entender.

Quantos amores eu perdi por conta da pressa? Ora, se perdi não eram amores. Amores. Naquela essência maior que ninguém consegue entender. Amigos. Paixão. Amor. Liberdade.

Aproveite o dia! Aproveite o dia! Faça a sua vida extraordinária! Ah! Mesmo dentro da rotina blasé, aproveite o dia! Mesmo distante do idealismo utópico do sol em libra, aproveite o dia!

Quebre as regras. Faça por você mesmo. Mude a sua vida. Viaje sozinho. Diga que se importa.  Acredite em algo extraordinário. Não para os outros, mas para você.

Das aulas de latim sobrou uma tatuagem. Eternizada na pele. Dos corredores da faculdade sobraram algumas amizades. E incontáveis lembranças. Carpe diem! Carpe noctem!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobre a mesma ideia (novembro 2014)



Pensei em pedir para você ficar mais um pouco. Cogitei até a possibilidade de ir com você. Que eu me explicasse depois. Pensei tanto! Era tão surreal e eu deixei escapar de novo?

Não era um erro. Era uma possibilidade além de mim. De você. De qualquer coisa que julgassem certo.

Absorvi seu cheiro durante o resto da noite sem a coragem para dormir. Foi um erro? O quarto escuro, o teto decifrável. Sua voz e suas bobagens. Para que tão intenso? Seu gosto e seus planos. Aquela música em outro contexto. Apertei sua mão e sorri. Queria apertar mesmo o coração. O meu.

- Foi só essa noite! - Olhei no espelho e tive certeza.

Tão imprevisível e tão certo. – Foi um erro? A pergunta insistindo.

Pensei em pedir para você vir mais uma vez. Não tão simples. Era mais fácil ter pedido para você ficar mais um pouco. Fazer-te um café e falar dos meus sonhos. Ouvir Coldplay e te apresentar Chris McCandless. Falar sobre política e dizer que mudei meu conceito. Mostrar meus rabiscos e insinuar que um deles é para você. Descobrir seus gostos e deixar esse medo besta de lado. Saber que teríamos mais afinidades do que incompatibilidades. Pensei tanta coisa. E só pensei mesmo.

Não foi um erro. Não deixei escapar. Foi só uma possibilidade além de mim. Foi só aquela noite e agora eu tenho certeza. Para que tão intensa?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sobre uma ideia (outubro 2014)




Quanta expressão distraidamente desperdiçada! – pensou e aquietou as ideias. Não merece mais do que isso, levemente arrependida de toda aquela expressão. Ou seria da distração?

 

Era bem mais que uma ideia, pousando devagar e todos os dias sob os lábios cor de carmim. E era perigoso alimentar bem mais que uma ideia. Mais uma vez, mentiu. Ignorou. Não por muito.

 

Idiota! – não sabia a quem dirigira a palavra. Os olhos fixos no espelho, ignorando. Doendo. Remoendo. Não era lá muito complicado, aliás, era bem mais simples do que muita coisa dantes vivida. De tão simples, tornou-se impossível!

 

Lá pelas tantas nem sabia mais qual era o motivo de tanta repressão. Aquietar as ideias sempre, antes que elas saiam do inconsciente, se tornem palavras e sigam livres para todo tipo de interpretação, exigindo dela, dos outros, explicações vagas a respeito de nada.

 

Ainda que fosse bem mais que uma ideia, era somente uma ideia. Só dela. Era concreta na memória e abstrata na vida. Não ocupava espaço. Não gerava problemas. Apenas aquela puta dor de estômago controlável. Remoendo o erro que jamais poderia se tornar acerto, por mais que ela, com aquela mania incansável de acreditar nas pessoas, considerasse possível.

 

Veja bem – um discurso inflamado pareceu-lhe viável para o momento. Desistiu. Afinal, desistiram antes dela. – Não vale mais que isso, lembrou. Pensando bem, vale sim. Era uma expressão distraída. Era dela. Não convinha a mais ninguém. Ignorou. Desistiu. Não por ela, mas por toda a dor de estômago possivelmente causada.



quinta-feira, 8 de maio de 2014

Efetivamente (maio 2014)



Preciso dormir para não gritar minhas verdades em seu ouvido. É madrugada alta e as tais verdades insistem em assolar minhas dores. Meus olhos. Minha boca. Minha respiração. Minha precipitação.
Eu sei que você está por aí e nem lembra que sussurrei um pouco de mim para assustá-lo. Era o Chris Cornell ao fundo. Ele tá aqui ó, bem aqui cantando para mim ainda. Maldito. Parei minhas lágrimas no momento exato. Você não percebeu, mas as minhas mãos estavam trêmulas. Minha razão perdida no espaço das palavras soltas. Eu nunca quis uma conversa assim. E daí se eu gosto. Não posso? Sozinha? Ora essa... não parece.
Essas verdades, tão minhas e tão óbvias assustam todo mundo. São tão óbvias que chegam a ser desacreditadas. Pagar o preço por elas é para poucos. Se não pulsar a razão não vale. Se não questionar a realidade, não serve. É paixão simplesmente por ser. Porque é forte e eu quero. O gosto fica na boca. O cheiro no cabelo. A dúvida na memória.
Porque eu sei que você está por aí e nem se lembra do meu beijo duvidoso na sua boca cheia de vontade. E nem se lembra do meu olhar perdido entre o seu. E nem se lembra da minha verdade dita com tanto interesse. E nem se lembra de acreditar. E nem se lembra de me querer ao seu lado. Ou me dizer para trilhar outro caminho.
Minhas verdades, as tais que não me deixam dormir, talvez não te interessem mais. E eu aqui, insistindo em gritá-las. Eu preciso que você as ouça. E não as desacredite!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mero (abril 2014)

Sabe, eu queria muito acreditar que vai dar certo. Mas, não vai. Eu sei. Lá no início, sem enlouquecer, era tão fácil encontrar a verdade. E eu insisti na dúvida.

É, eu faria de você o meu melhor companheiro e te levaria pra todos os rocks do mundo. Sim, eu levaria. E nós cantaríamos, desafinados, Pearl Jam a noite toda. E sentaríamos em um banco qualquer e conversaríamos sobre nada. E eu gargalharia de todas as suas frases soltas sem efeito. E diria pra você escrever corretamente. E me encantaria com a sinceridade infiltrada no seu olhar.

Nós dividiríamos, tranquilos, aquela boa cerveja. E aquele bom chocolate.

E eu respiraria fundo pra te ter aqui, bem aqui, só pra te acordar de manhã e ouvir você dizer que já estava acordado. E escutar sua voz rouca e suave reclamando do meu silêncio. Mirar meus olhos verdes nos seus olhos verdes e dizer que os meus são sim seus.

E estaria bem perto da sua boca. O beijo ou o sorriso? É que são os dois tão perfeitos!

Eu me apaixonaria. Sem medo. E eu gostaria tanto, tanto que seria amor.

Mas, é que o futuro não pertence ao passado. E o passado não pertence ao futuro.

Sabe, eu acredito muito que vai dar certo. Mas, essa certeza... ah, ela me corrói!