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sábado, 7 de julho de 2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Três da tarde (junho 2006)
Para Cleo Rezende
Três da tarde. Sartre disse que três da tarde é sempre muito cedo ou muito tarde para fazer alguma coisa.
Acabo de chegar da faculdade. Melhor dizendo, da biblioteca da faculdade. Joana veio-me dizer que temos mais uma conta para pagar. Conta... Quem é que liga pra conta quando se mora em república? República. Alguém aí já morou em república? Pessoas que nunca se viram antes dividindo o mesmo teto. Experiência pra vida toda.
Coloco os textos sobre minha cama. Olho o quarto. Clarice foi trabalhar e deixou suas roupas espalhadas por todos os cantos. À noite, quando chegar, vai fazer um bolo e jogar tudo no espaço vazio entre minha cama e a sua. É sempre assim. Já me acostumei, não me importo.
Além de Clarice, Joana e eu, mais duas meninas dividem o espaço comum. Às vezes, as brigas são sérias, inevitáveis. Mas, somos universitárias, sempre encontramos soluções para os problemas.
Sento na cama. Não posso pensar em mais nada, senão no texto que tenho de ler para a primeira aula de amanhã. Não consigo. Preciso dormir. Estou acordada há mais de vinte e quatro horas. Não dormi na noite passada.
Festa... Festa não, uma reunião entre amigos que se estendeu madrugada afora. Pela manhã restavam apenas os casais. Foram todos para suas respectivas aulas: rendimento zero!
Deito na cama. Já não posso lutar contra o sono. Não! Levanto-me. Tenho que estudar. Os projetos finais estão aí e eles são os que mais nos exigem.
Desisto. Não posso ficar acordada. À noite, quando Clarice chegar, estudaremos juntas. Quanta ilusão! Estou cansada de saber que vamos conversar até altas horas e que nem nos lembraremos de estudar. Contudo, também não posso ficar assim, feito um zumbi.
Café. Sim, café. Vou fazer um café bem forte e também comprar chocolate. Não, isso só me fará ficar agitada, inquieta.
Busco um relógio: três e meia. Há meia hora estou lutando contra o sono. De nada adiantou, fui vencida.
Adormeço. Três da tarde é sempre muito tarde para começar a ler um texto para a primeira aula do dia seguinte. Preciso dormir. Talvez também não durma esta noite.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Crônica sobre um dia de junho
É, é assim que eu caminho. Vou indo sem medo de tropeçar,
todavia, perdida num cruzamento: não decido qual estrada seguir.
É assim que eu sigo. Sendo um eterno e imutável dualismo difícil
de decifrar. Não gosto de caminhar sozinha, mas não quero ninguém me puxando
pela mão. Quero que caminhe ao meu lado.
Gosto do pôr do sol, mas gosto também da luz avassaladora de
uma manhã de primavera.
Gosto das baladinhas com os amigos, mas gosto também de
sentar à beira de um rio e contemplar a imensidão. Lendo um livro de filosofia
talvez?
Enriqueço e amadureço a minha fé. Entretanto, quero fazê-los perante
a razão.
Sigo apaixonada por não querer mais estar apaixonada. Sofro de
multipolaridade filosófica amorosa: ontem decidi nunca mais amar (amar?). Hoje
eu quis alguém para sempre. Ontem eu quis escrever e ser feliz. Hoje eu entendi
que talvez não fosse a melhor opção.
Não gosto de falar em longos diálogos. No entanto, escrevo intermináveis
monólogos repetitivos e sem graça. Egoísmo?
Não gosto do que não me faz pensar. Porém, passo horas
mergulhada na irracionalidade futebolística, sofrendo e discutindo sei-lá-o-que.
Assim como Alice, não posso explicar a mim mesma. E também como
Alice, talvez eu esteja enlouquecendo (mas as melhores pessoas não são assim?) e
me transportando para uma realidade invisível aos olhos de quem não se permite
enxergar.
É só abrir os olhos e sorrir.
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