Preciso dormir para não gritar minhas verdades em seu
ouvido. É madrugada alta e as tais verdades insistem em assolar minhas dores. Meus
olhos. Minha boca. Minha respiração. Minha precipitação.
Eu sei que você está por aí e nem lembra que sussurrei um
pouco de mim para assustá-lo. Era o Chris Cornell ao fundo. Ele tá aqui ó, bem
aqui cantando para mim ainda. Maldito. Parei minhas lágrimas no momento exato. Você
não percebeu, mas as minhas mãos estavam trêmulas. Minha razão perdida no
espaço das palavras soltas. Eu nunca quis uma conversa assim. E daí se eu
gosto. Não posso? Sozinha? Ora essa... não parece.
Essas verdades, tão minhas e tão óbvias assustam todo mundo.
São tão óbvias que chegam a ser desacreditadas. Pagar o preço por elas é para
poucos. Se não pulsar a razão não vale. Se não questionar a realidade, não
serve. É paixão simplesmente por ser. Porque é forte e eu quero. O gosto fica
na boca. O cheiro no cabelo. A dúvida na memória.
Porque eu sei que você está por aí e nem se lembra do meu
beijo duvidoso na sua boca cheia de vontade. E nem se lembra do meu olhar
perdido entre o seu. E nem se lembra da minha verdade dita com tanto interesse.
E nem se lembra de acreditar. E nem se lembra de me querer ao seu lado. Ou me
dizer para trilhar outro caminho.
Minhas verdades, as tais que não me deixam dormir, talvez
não te interessem mais. E eu aqui, insistindo em gritá-las. Eu preciso que você
as ouça. E não as desacredite!