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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Liberdade (janeiro 2014)

É que eu nunca quis prender ninguém aqui.

- Mas, você não se importa?
- E pra me importar preciso prender?

É que companhia demasiada sufoca. A falta também. O equilíbrio para não enlouquecer e revirar a vida do avesso.

O por do sol. A banda nova. O chocolate e o riso. A cerveja. A novidade pequena. O abraço inesperado. O beijo e o sorriso.

O contrato, não. O atrito, sim. A cumplicidade sem regras. O compromisso sem obrigação.

A tal da liberdade, sabe?

- Isso não é possível! - gritaram. E lá pelas tantas julgo que sou utópica.
- Se a liberdade é assim tão boa, por que ainda continuo na falta de companhia?

Ora, é que a liberdade pura, assusta. Ninguém quer experimentá-la. É bonita lá, nas obras existencialistas, não na realidade.

Dividir a vida do avesso não é invadir o espaço. Ser um não me agrada. Onde fica a diversidade de ser dois?

- Hei, você não se importa.

- Não quero prender ninguém aqui. Dois caminhos diferentes levam a um mesmo lugar.