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terça-feira, 24 de maio de 2011

(In)Certezas (outubro 2008)


"Descobri que não quero descobrir-me.
Nem a mim e nem ao mundo. Quero apenas o silêncio estrondoso dos ponteiros do relógio, o silêncio frágil do vento de agosto, o silêncio estagnado do latido dos cães ao longe... Quero o silêncio mórbido do seu desejo. Quero o silêncio inquietante de suas palavras. Quero o silêncio enigmático de seu olhar perdido entre escolhas incertas e promessas malfeitas. Quero o silêncio do que já passou. E não quero falar do que ainda virá."

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ausência (agosto 2009)


"Gosto de ouvir sua respiração no silêncio do meu quarto.
Gosto do som da sua voz, em tom de ironia, tentando provocar minha ira.
Gosto do seu olhar interrogativo acreditando em minhas meias verdades.
Gosto do calor das suas mãos em dias que nada se espera de você.
Gosto da sua boca quente sobre a minha, tentando me convencer que minhas lágrimas e dúvidas não são a melhor saída.
Gosto das suas dúvidas. Gosto das suas inquietações. Gosto das suas incertezas. Gosto dos seus sonhos. Gosto das suas habilidades. Gosto da sua desorganização.
Gosto de ver você, despojado, jeans e camiseta e a barba sempre por fazer.
Gosto de ouvir suas bobagens ao telefone.
Gosto quando se assusta ao me ouvir dizer que acabou.
Gosto do seu perfume em minha cama.
Gosto quando você provoca em mim uma insônia imensurável.
Gosto quando me surpreende. Gosto também quando simplesmente me esquece.
Ouço agora sua respiração, sua voz. Sinto suas mãos e sua boca. Esboço um sorriso. E gosto. O que não gosto agora é essa ausência interminável.
Não gosto quando você não está aqui."


O verbo principal hoje seria(e é) conjugado no pretérito imperfeito do indicativo... 
"De tudo fica um pouco. Não muito." (Drummond)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Poema (Carlos Drummond de Andrade)

"É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência"



Um pouco desse gênio mineiro... Drummond! Apreciem...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pórfiro (junho 2010)


"Olhos tristes me perseguem. Não consigo entender o que dizem. Soluçam baixinho algumas pessoas. Alguém grita desesperadamente.
O pôr-do-sol enobrece o entardecer. No alto da cidade, observo a cena com paciência, curiosidade e tristeza. A visão é perfeita, daqui vejo todo o descampado. Acompanho imparcial um funeral.
Quão irônica é a vida! Ou seria a morte? O sepultamento segue e não consigo me desvencilhar desta cena. O cemitério é um parque gramado, cheio de cruzes e fotos de rostos desconhecidos. Seguem-se datas anexas às cruzes. Para mim, aleatórias. Para quem participou daqueles dias, inesquecíveis.
O pôr-do-sol teima em emoldurar minha visão... é tudo tão milimétrico! É o fim. O fim do dia. É o fim de uma vida. Não consigo identificar se era um homem ou uma mulher. Era apenas uma vida. Agora é um corpo, sepultado no mais belo pôr-do-sol que já vi. Teria aquele corpo feito tudo que gostaria durante a vida? E essa vida, fora breve ou longa? Amara muito? Deixara algum amor? Vira um pôr-do-sol como esse?
O caixão é colocado na cova. Alguém diz poucas palavras e a terra começa a ser jogada. O sol já não brilha. Agora apenas nuvens alaranjadas enfeitam o céu. O sol foi embora brilhar do outro lado do mundo. Fecha-se a cova, que se transforma em túmulo. As pessoas saem sem pressa, em silêncio. Algumas ainda choram. Os coveiros terminam o serviço. Por enquanto, há apenas uma cruz. Daqui alguns dias, talvez tenha ali também um epitáfio e uma foto. E duas datas.
As luzes da cidade clareiam a semi-escuridão da recém chegada noite. Recobro a consciência. Tenho que seguir a vida. Todos já se foram. Ontem, era uma vida. Hoje, um corpo. Amanhã, uma lembrança."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O telefone (dezembro 2009)


"O tilintar do telefone acordou Maria Júlia. Sentia o coração disparado, a boca seca e até certa falta de ar. Acendeu a luz do quarto e correu para a sala. Tropeçou em uma cadeira que estava no corredor. Uma lágrima de dor escapou-lhe. Ao chegar ao telefone a pessoa do outro lado já desistira. O telefone parou de tocar. Ainda em um suspiro de esperança tirou o fone do gancho. Ouvia-se apenas o tom de linha.
- Que droga! – exclamou, em um misto de raiva e tristeza.
Olhou para o relógio. 01h30min, a madrugada já começava a mostrar-se. Pegou uma coberta e encolheu-se no sofá. Sentiu os pés esfriarem.
- Seria ele? – Maria Júlia perguntou-se. Os olhos iluminaram-se. – Mas, a 01h30min da manhã? Por quê?
Maju, como era chamada desde a infância, era uma jovem mulher de 27 anos. Trabalhava como editora de uma revista sobre política e não se sentia mal por isso. Todavia, sonhava mais alto. Queria publicar seu livro, tornar-se uma escritora reconhecida. Morava sozinha em um pequeno apartamento alugado. E há um ano insistia num romance que lhe consumia a tranqüilidade.
Prostrada no sofá, Maju sentiu uma enorme vontade de gritar para aliviar a angústia daquele momento. Aterroriza-se com muitos pensamentos:
- Que espécie de namorado é esse? Ele me esqueceu aqui sozinha, simplesmente me esqueceu!
Embaraçada com as lágrimas, que vinham junto com os pensamentos aterrorizantes, lembrou-se do celular desligado e esquecido sobre a escrivaninha. Deu um pulo.
- Será que ele tentou ligar no celular? – animou-se, mas logo se puniu.
-Deixe de ser burra Maju, não era ele! Com certeza era engano, alguém querendo uma pizza, como se aqui fosse uma pizzaria! Bem poderia ser, ah poderia!
Maju resistia em ir até o quarto, pegar o celular e ligá-lo. Só de pensar em tal hipótese o coração disparava, a boca ficava seca e sentia vontade de vomitar.
- E se não tiver nenhuma ligação dele? Não vou ligar o celular, não vou. Ligo pela manhã, é isso. Mas vou sofrer até amanhã? Melhor saber agora... Não, não vou ligar.
Levantou-se do sofá e começou a caminhar pela pequena, contudo aconchegante sala. Ela ainda trajava o vestido preto, muito elegante e um tanto sexy, o qual esperava provocar suspiros no namorado. E também tinha o rosto maquiado, uma maquiagem suave. Os olhos estavam vermelhos e inchados por conta do choro.
Maria Júlia desligara o celular após ligar insistentemente para o namorado. E fora ignorada. Depois de meia-hora, ele desligara o celular. Então, ela caíra em um pranto sufocante, uma dor lancinante. Chorou ininterruptamente durante uma hora. Desfaleceu tão cansada que estava. Acordou com o telefone tocando na sala.
- Não posso mais suportar isso! Por que me presto a esse papel? Mas, ele me é tão importante...
A visão ficou turva. Pensou que fosse desmaiar.
- Pra quê tanta angústia, meu Deus?
Deitou-se novamente. Pegou a coberta e encolheu-se no sofá. Olhou para o relógio. Uma hora já se passara naquele tormento sem fim. Maju quis levantar-se e ir até a cozinha preparar um café. Porém, viu-se invadida por um sono tão súbito que lhe desapareceram as forças.
- Quem teria me ligado? – foi a última coisa que pensou antes de cair num sono profundo.


- Alô? – Maju atendeu ao telefone sem saber o que estava fazendo ou falando. O coração estava a ponto de explodir. – Alô? – disse mais uma vez. Deixou o telefone cair. Os primeiros raios de sol iluminavam a sala e davam um aspecto tranqüilo para aquele despertar. Tranquilidade que contrastava com o aspecto sombrio de Maju.
- Alô?- disse outra vez enquanto pegava o telefone.
Ninguém respondeu. Apenas o silêncio.
- Quem é?
Desligaram. Maju caiu em prantos. E o dia estava apenas começando."

Curtas


 Apenas para expressar aqui a minha (e tenho certeza, a de muitos, para não dizer todos os araguarinos!) indignação! O que está acontecendo com a política araguarina senhores?
Se bem que, desde sempre, lembro-me de uma política pobre, desestruturada e desequilibrada. Todavia, penso que estamos chegando ao auge: a grande "briga" oposição versus situação por conta do famigerado IPTU, que, convenhamos, está pela hora da morte!
Consciência política amigos, isso é tudo! O voto influi na vida de uma cidade e de inúmeras pessoas durante muito tempo. Não se deixem manipular!

Lembrem-se: consciência política sempre!

domingo, 8 de maio de 2011

Roadhouse Blues...by Eddie Vedder

Opaa...pra quem, como eu, acordou muito rock and roll hoje!! Eddie Vedder cantando Doors, simplesmente perfeito!!


Ótimo domingo a todos!! E feliz dia das mães!!!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Aniversário (março 2007)

para Janaina Nascimento

Aniversários são datas importantes. Decido que sim e me preparo para divagar sobre.

Aniversário é data importante, só sua, apesar de outras milhares de pessoas no mundo-que fazem aniversário na mesma data que você - também pensarem assim.

Durante anos tratei aniversário como assunto sério, inesquecível (que não se pode esquecer a data, mas antes, e não depois). Hoje, vejo que é apenas uma data. Especial sim, mas uma data.

Aniversário de amigo então... Ultimamente não escrevo para ou sobre os outros, escrevo sobre mim e minhas vaidades.  Ficou mais complicado escrever aqueles cartões repletos de mensagens feitas e desejos corriqueiros.

Todavia não se assuste. Se você que está lendo agora é meu amigo e faz aniversário hoje, a data é especial. Sim, pois se lhe chamo de amigo, você é especial. Não se aborreça se eu não lhe enviar cartões coloridos ou emails engraçados. Não, não esqueci que hoje é seu aniversário. Só não quero ser hipócrita. As melhores lembranças e os melhores sentimentos estão guardados no coração, e como tenho alma de poeta, eles são vistos em páginas de livros que nunca escrevi.

Na verdade, minha única intenção é desejar-lhe toda felicidade do mundo, bastantes vibrações positivas e todo aquele discurso: feliz aniversário!

No fundo, ainda envio cartões coloridos com mensagens feitas, citando Machado: “Abençoados sejam os amigos!" 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

E o futebol...

Hoje eu não quero saber de imparcialidade! Não, não... Hoje eu quero falar da classificação dramática do meu Timão para a final do Paulista! Como diriam por aí...que belezaa!
Sim, o Corinthians, a partir da expulsão de Danilo e do técnico Felipão e da saída de Valdivia, tinha por obrigação vencer o jogo no tempo normal. Contudo, não podemos menosprezar a raça e a garra do Palmeiras. Foi um grande jogo! E méritos para Júlio César, que pegou o pênalti na hora certa!
Agora vem por aí o Santos, os meninos da Vila: Neymar e Ganso. Meu palpite? Ora, Corinthians campeão, usando a razão e a paixão. Timão cresce em finais, isso ninguém pode negar.
Falando no Santos, a classificação do Peixe em cima do São Paulo foi espetáculo! Dois a zero, jogando muita bola! Parabéns aos meninos da Vila.
Voltando ao Palmeiras, a eliminação no Paulista pode ter sido apenas o primeiro passo para uma crise, já que vem por aí o Coritiba, invicto a 23 jogos! Segurem-se palmeirenses, o Coxa está embalado!
Não posso deixar passar aqui o título do Flamengo, invicto no Carioca. Mais uma vez o Vasco perdeu uma final nos pênaltis e ficou com o vice-campeonato. O bonde do mengão sem freio atropelou o trem bala da colina.
Parabéns também ao Inter, campeão do segundo turno do Gaúcho. Teremos dois Grenais emocionantes para decidir o título nos pampas.
Vergonha em Goiás. Não quero nem comentar as cenas lamentáveis de Goiás e Vila Nova. Apenas um aviso ao Vila: aprenda a jogar para não perder sempre para o Goiás, assim poderão comemorar ao invés de brigar!
Em Minas...tudo como previsto: Cruzeiro e Atlético. Dica para o Galo: prepare-se, senão será atropelado pela Raposa, visto que o grande Richarlyson não "dura" nem 20 segundos em campo.
E na Liga dos Campeões? Disse que tinha meu palpite... E acertei! Barça... E amanhã, Barça novamente! Messi humilha, temos que admitir. E Cristiano Ronaldo apenas preocupa-se em fazer caras e bocas.
Vamos torcer nessa reta final dos estaduais! Já, já vem aí o Brasileiro e seus clássicos emocionantes!

Ótima semana a todos... E, com toda licença... Vai Corinthians!!!

domingo, 1 de maio de 2011

Projecto Juno - Rosa de Saron

Projecto Juno (Guilherme de Sá)
"Extra!
Vende-se viagens à lua
conheça os buracos da atmosfera
deixem pegadas nas crateras

Mais barato que ir para o Japão
Mais seguro que voar de avião
sem ressalva
sem escalas
Demorei mas fui
das janelas vejo a esfera azul

Acho que eu vou saltar
eu não quero ficar aqui
parado sentindo medo
vendo a gravidade me segurar

Acho que eu vou saltar
eu não quero ficar aqui
tentando derreter o gelo
Sinto, mas eu não me adaptei

Alguém me segure, eu vou pular

Extra!
O meu mundo caiu
Volto pro lugar que já foi
mas não é
Que tentou escapar mas não deu

Que de sobra sobrou o que?
Foi o planeta que despressurizou
e agora respira com máscara demais

E eu já fui
e agora vejo a esfera azul...

Refrão:

Acho que eu vou saltar
eu não quero ficar aqui
parado sentindo medo
vendo a gravidade me segurar

Acho que eu vou saltar
eu não quero ficar aqui
tentando derreter o gelo
Sinto, mas eu não me adaptei...

Eu já fui,
E na janela,vejo a esfera azul..."

Essa letra é simplesmente demais! Compartilhando um pouco dessa banda maravilhosa que faz parte da minha história! Enjoy...