Páginas

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Santiamém (dezembro 2011)

Levanta a cabeça, menina. Olha pro alto. No canto do quarto apenas seus sonhos embrulhados em papéis de baixa qualidade, sem brilho e sem cor. Levanta a cabeça, menina. Abre a janela e sorri. Guarda os sonhos seus. Mas guarda em lugar seguro. Esqueça a vida alheia.
Consumida pelo nada enquanto ouvia Michael Bublé numa noite chuvosa de sexta. Esqueça as confusões, menina. Lembra dos bons risos compartilhados e se agarra a eles. Abre a coleção de pores do sol e encontra ali a verdade.
Durma então. A noite de sexta reserva tão pouco para tantos pensamentos. Descansa, menina. Guarda os sonhos seus.
Sonha então. As sutilezas e levezas da vida lhe são apresentadas sempre que ela vê o nevoeiro em certos olhares. Ela não quis ver, mas o tempo mostrou o que o coração sentiu naquele primeiro toque.
Acorda para ver as primeiras cores do dia, menina. O céu colore e descolore. É manhã baixa. As mesmas cores insistem, persistem, repetem, recolhem, povoam. Abre a janela e sorri. Morro alto, a cidade ali, aos pés. E as cores repetindo.
Desconstrua os planos. Esqueça as idéias e ideais, menina. Deixa pra lá quem não a quer bem. Guarda o dia para si, faz o que quiser. Grita, xinga, chora, sorria, esqueça. Novamente play e Michael Bublé toma a casa. Lembra das cores, do cenário matinal. Corra às compras. Compra um livro que é bom. E um cd da Adele. E uma caixa de cervejas importadas. E muito chocolate.
O sol tomou o céu, aqueceu o dia e descoloriu a noite. Ninguém parou para olhar. Era tão lindo. Repetia-se. E ninguém parou, menina.
O telefone. Olha para o telefone. E ninguém para compartilhar as cervejas importadas. Levanta a cabeça, menina. Olha pro alto. O dia se foi. Faz da noite uma brincadeira. Porque amanhã, menina, tudo se repetirá. E ninguém vai parar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário