(in) adaptar-se (agosto 2012)
Semblantes vorazes perpassam sob meu olhar indiferente. A
composição da cena à minha frente esteve em minha memória durante incontáveis
momentos. Contudo, algo destoa da minha lembrança imaginada.
Vozes desconhecidas. Rostos já vistos. Risos incontidos. Conversas
sem conteúdo. Um acorde com sentido. Um gosto parecido. Tudo compõe a tão
perfeita cena. Tudo destoa da tão perfeita cena.
Novamente preferi imaginar. O mundo no qual vivo é tão
diferente daquele em que existo! Por um segundo não estive ali. E fui cobrada
por isso. Voltei. E tudo continuava como antes. E eu não me adaptei.
Procurei aqueles semblantes vorazes. Eles já não se encontravam
mais por aqui. Transformaram-se em incríveis gargalhadas enérgicas. Duas cervejas
mudam o contexto.
Não consegui explicar a composição da cena. Fugi por mais de
um segundo. E resolvi permanecer por lá. Escutei alguém, ao longe, chamando meu
nome. Fingi não ouvir. E dormi, para relembrar a cena por mim imaginada.
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