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domingo, 24 de julho de 2011

Diacronia (julho 2011)

Boemia literária. Um pouco de cerveja e muito rock ‘n roll na cabeça. Probabilidade zero de encontrá-lo novamente. Possibilidade nenhuma de ele querer novamente. Discussões sartreanas em torno da mesa. Sobre os outros, o inferno. Quanta existência sem nenhuma essência! Uma não sobrepõe à outra. Elas simplesmente não existem em certos casos.
Muita cerveja e um pouco de rock ‘n roll na cabeça. Abri a janela e respirei. Dentro do carro tudo parecia tão pequeno. Lá fora um céu enorme. Adiante a boca que nunca mais beijei. O sorriso que nunca mais contemplei. A voz que nunca mais ouvi. Guardei tudo, tudo, tudo dentro da garrafa de cerveja. O momento era tão sublime, a garrafa era tão pequena!Lá dentro do carro o cheiro era absolutamente chamativo e eu ouvia, bem baixinho, bem comigo, a música que dizia “me envenene, quero ser sua vítima”. A dose foi forte. Mas acabou.
Restou para mim a tal boemia literária. E eu guardei. Ainda estou lá dentro do carro. Abro a janela e vejo o céu. Eu estou lá. Sonhos tão docemente divididos, sem nenhuma cumplicidade. Deito no banco e sinto seu perfume. Eu não lembro mais o aroma. Eu não lembro. Eu guardei.
A escolha o fez livre. A escolha me fez ansiosa. Subverto os papéis todo o tempo. Ainda estou lá e faço de tudo para me manter naquele espaço que nunca foi meu. Desespero-me diante de tão corriqueira situação. Eu queria mesmo era discutir Sartre... Diante dos outros, resta-me somente o inferno. Eu não me adaptei ao outro modelo. Quanta existência sem nenhuma essência! Em torno da mesa, queria ser existencial. Sonhos tão docemente divididos. Uma madrugada. Muito rock ‘n roll. Algumas cervejas. O gosto que nunca esqueço. E eu faço um corte diacrônico em minhas lembranças. E é efêmero. É tão efêmero que o agora já escapa das minhas mãos. É tão efêmero que a escolha me faz ansiosa. E o faz absurdamente livre. É apenas uma discussão sartreana. É apenas muito rock ‘n roll na cabeça e um pouco de cerveja. É apenas boemia literária. E a probabilidade zero de encontrá-lo novamente. Aquele não era o fim. Também não era o começo.

3 comentários:

  1. lol!

    Quero escrever assim quando eu crescer! *-* rsrs

    Maravilhoso texto, como sempre, Lu!

    Fico feliz de ver você voltando a escrever.

    bjo

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